Poços para captação de água
DEFINIÇÕES
POÇO TUBULAR PROFUNDO
Obra de engenharia geológica de acesso a água subterrânea, executada com Sonda Perfuratriz mediante perfuração vertical com diâmetro de 4” a 36” e profundidade de até 2000 metros, para captação de água.
POÇO RASO, CISTERNA, CACIMBA OU AMAZONAS
Poços de grandes diâmetros (1 metro ou mais), escavados manualmente e revestidos com tijolos ou anéis de concreto. Captam o lençol freático e possuem geralmente profundidades na ordem de até 20 metros
TIPOS DE POÇOS:
A Figura abaixo representa esquematicamente os tipos de Poços existentes para a captação das Águas Subterrâneas:
- Cacimba, poço raso, cisterna ou poço amazonas. Construídos manualmente. Não carece de licenciamento ou autorização governamental dos órgãos gestores.
- Poço perfurado em rochas consolidadas ou cristalinas. Também conhecido como semi – artesiano.
- Poço perfurado em rochas inconsolidadas e consolidadas. Pode ser chamado de Poço Misto e também semi – artesiano.
- Poço no Aqüífero Guarani. Poço perfurado em rochas consolidadas e inconsolidadas, com grandes diâmetros (até 36”) e profundidades (até 1.500 metros). Também chamado de artesiano, jorrante ou não.
- Poço Sedimentar, perfurado em rochas geralmente inconsolidadas. Pode ser chamado também desemi – artesiano.
CONTRATATAÇÃO DE UM POÇO TUBULAR PROFUNDO
QUALIFICAÇÃO DAS EMPRESAS COM ATIVIDADES EM HIDROGEOLOGIA E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
CREDENCIAMENTO COM SELO DE QUALIDADE
A ABAS instituiu um Sistema de Credenciamento para as empresas de Perfuração e de outras atividades no setor de Hidrogeologia.
O credenciamento junto a ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas é uma certificação de empresas quanto suas condições de atuar tecnicamente e dentro dos preceitos estabelecidos pelas Normas da ABNT. Atesta ainda as idoneidades administrativas, jurídicas e financeiras das empresas, já que analisa seus registros e certificações no CREA, no INSS, no FGTS e em outros órgãos necessários a sua atuação, buscando-se assim a proteção dos usuários contratantes.
A qualificação tem como uma de suas metas informar e orientar os consumidores públicos e privados sobre a diferenciação entre as empresas, tornando-se um referencial para futuras contratações.
Qualquer empresa pode vir a ser credenciada nas diversas categorias, pelos tipos de atividades, e pelas suas complexidades, recebendo um CERTIFICADO e um SELO DE QUALIDADE.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
Órgão responsável pela normatização técnica no país, aprovou e publicou dentro da CB-02 – Comitê Brasileiro de Construção Civil, estando em vigor, as Normas Brasileiras que contemplam as Águas Subterrâneas e os Poços Tubulares Profundos:
NBR 12212 - Projeto de poço tubular profundo para captação de água subterrânea
NBR 12244 - Construção de poço tubular profundo para captação de água subterrânea
NBR 13604/13605/13606/130607/13608- “Dispõe sobre tubos de PVC para poços tubulares profundos”
NBR – 13895/1997 – Poços de Monitoramento.
SISTEMA CONFEA/CREA
O CONFEA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia é regido pela Lei 5.194 de 1966 e se constitui em instância máxima referente ao regulamento do exercício desses profissionais. Representa também os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações, num total de centenas de títulos profissionais. Em cada estado está representado pelo CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
ROTEIRO PARA A CONTRATAÇÃO, CONSTRUÇÃO E INSTALAÇÃO
COMO CONTRATAR UMA EMPRESA DE PERFURAÇÃO DE POÇOS
RECOMENDAÇÕES
Na proposta
- Registro ou visto no CREA-SP
- Responsável Técnico: geólogo ou engenheiro de minas.
- Atestado de Capacidade Técnica acervado pelo CREA.
- Atestados de idoneidades: administrativas, jurídicas e financeiras.
- Relação de Equipamentos
- Relação de Pessoal Técnico
- Projeto Técnico executivo especificando diâmetros de perfuração, litologias atravessadas e eventuais acréscimos de preço em profundidade.
- Selo de qualidade ABAS.
Após Fechamento do contrato
- Recolhimento de ART junto ao CREA.
- Obtenção de Licença de Perfuração junto ao órgão gestor estadual.
Durante os trabalhos de perfuração
- Acompanhamento dos serviços.
- Correlação entre o descritivo dos serviços propostos e os efetivamente realizados.
Relatório Técnico
- Dispor de todas as informações conforme modelo sugerido na Fig 12.
Nos casos dos chamados “POÇOS TUBULARES PROFUNDOS”, também conhecidos por ARTESIANOS ou SEMI – ARTESIANOS, como são obras de engenharia geológica, requerem antes de suas construções as seguintes ações:
1 – Licença de Perfuração junto ao órgão estadual gestor dos recursos hídricos
Para se perfurar e operar poços tubulares profundos no estado de São Paulo, necessária à obtenção de outorga junto ao DAEE, que concede a autorização para perfurar o poço, avaliando o projeto, e posteriormente o direito de uso do recurso hídrico protegendo o usuário de possíveis conflitos quanto a futuros usos do recurso, conforme Portaria 717 de 12/12/06, que instituiu Normas para disciplinar o uso dos recursos hídricos no Estado.
A licença para a perfuração e a operação de poços tubulares profundos deve ser executada por geólogo, sendo constituída por: informações cadastrais, geologia, hidrogeologia, dados construtivos do poço, analise físico química e bacteriológica da água, quantidades e período de exploração, mapa topográfico e RAE – relatório de avaliação de eficiência, com fluxograma de utilização da água.
O que é necessário para a Outorga do Direito de Uso dos Recursos Hídricos:
- Formulários de requerimento segundo o tipo de uso
- Informações do empreendimento, documentos de posse ou cessão de uso da terra, do usuário;
- Projetos, estudos e detalhes das obras acompanhados da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica);
- Protocolo/cópia do ARF (Atestado de Regularidade Florestal) emitido pelo DEPRN e da Licença de Instalação ou Funcionamento da CETESB, conforme o caso;
- Relatório final de execução do poço, no caso de captação de água subterrânea, e relatório de avaliação de eficiência (RAE) do uso das águas;
- Estudos de viabilidade (EVI) e cronograma de implantação no caso de empreendimentos;
- Comprovante de pagamento dos emolumentos;
2 – Elaboração de Projeto Técnico Construtivo do Poço
Deve-se levar em consideração, a geologia do local, a vazão necessária ou esperada, a qualidade físico-química da água e a distancia entre a profundidade prevista de captação (nível dinâmico do poço) e o ponto de recepção dessa água (reservatório). Deve conter os tipos de rochas previstos a serem perfurados; diâmetros de perfuração; especificações dos materiais a serem empregados durante a perfuração e aqueles a serem aplicados em definitivo no poço e os serviços de completação tais como: desenvolvimento; teste de bombeamento; coleta e análises d’água; laje de proteção sanitária, cimentações e desinfecção.
3 – Locação do Ponto de Perfuração
A escolha do local de perfuração de um Poço Tubular Profundo deve ser precedida de um estudo a ser realizado por um hidrogeólogo. Este procedimento busca a maximização do resultado.
4 - Construção do Poço Tubular Profundo
A construção deve ser executada dentro das normas da ABNT, por empresa que: esteja registrada no CREA, possua um responsável técnico: geólogo ou engenheiro de minas e tenha o selo da ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas. Estas precauções visam a assegurar a realização de um serviço dentro das normas, que será fiscalizado pelas entidades competentes e gozará de todas as garantias construtivas.
Fig 11 - Esquema sem escala de 3 tipos de poços tubulares profundos:
1 – poço em rocha cristalina
2 – poço em sedimento com filtros
3 – poço misto
Relatório Final do Poço
A ser fornecido pela empresa executora do poço, devendo conter: dados construtivos, geologia, teste de vazão, completação, analise da água e dados para o dimensionamento do equipamento de bombeamento.
1. Identificação do Poço
Proprietário:
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Coordenada
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Município:
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Estado:
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Cota:
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Profundidade:
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65,60 m
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Nível Estático:
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Empresa Construtora:
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2. Perfil Geológico
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3. Perfil Geoelétrico
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De (m)
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A (m)
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Litologia
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Tipo
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De (m)
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A (m)
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--
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--
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--
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--
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--
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--
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4. Características Técnicas
Perfuração
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Início:
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Término:
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De (m)
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A (m)
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(m)
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ø (pol)
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Sistema
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Máquina
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Revestimento
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Filtros
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De (m)
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A (m)
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ø (pol)
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Tipo
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De (m)
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A (m)
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ø (pol)
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Tipo
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ab(mm)
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5. Cimentação
6. Pré-Filtro: Tipo
De:
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De:
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Volume: m3
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Volume: m3
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7. Descrição Litológica
8. Teste de Bombeamento Definitivo
Tipo de teste: Rebaixamento
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Início:
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Hora:
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Término:
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Hora:
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Etapa
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Duração (h)
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NE (m)
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ND (m)
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Q(m3/h)
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s (m)
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Q/s (m3/h.m)
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s/Q (m. m3/h)
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Tipo de Aqüífero:
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Perdas de Carga:
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Vazão Específica (Q/S) (m3/hm)
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a =
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b =
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9. Observações Hidrogeológicas
10. Condições de Exploração Alternativas
Q (m3/h)
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ND (m)
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Período (h/dia)
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Prof. da bomba (m)
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ø Tubos (pol)
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Equipamento Recomendado:
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11. Desinfecção
12. Acabamento / Laje de Proteção
13. Análise físico química da água
14 – Planilhas do Teste de Vazão
Fig 12 - Modelo Sintético de Relatório Técnico Final de um Poço
Parâmetros para Ensaios Físico químicos e organolépticos.
Parâmetros
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Unidades
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VMP
(Valores máximos permitidos)
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ASPECTO
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límpido
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ODOR
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Não objetável
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COR
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UH
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Até 15,00
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TURBIDEZ
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NTU
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Até 5,00
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pH
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Entre 6 e 9,5
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SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS
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mg/L
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Até 1000
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ALCALINIDADE DE HIDROXIDOS
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mg CaCO3/L
|
0.0
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ALCALINIDADE DE CARBONATOS
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mg CaCO3/L
|
Até 125
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ALCALINIDADE DE BICARBONATOS
|
mg CaCO3/L
|
Até 250
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DUREZA DE CARBONATOS
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mg CaCO3/L
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DUREZA DE NÃO CARBONATOS
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mg CaCO3/L
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DUREZA TOTAL
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mg CaCO3/L
|
Até 500
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OXIGÊNIO CONSUMIDO
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mg O2/L
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Até 3.5
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NITROGÊNIO AMONIACAL
|
mg NH3/L
|
Até 1.5
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NITRITO
|
mg N/L
|
Até 1.0
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NITRATO
|
mg N/L
|
Até 10.0
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FERRO
|
mg Fe/L
|
Até 0.30
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CLORETOS
|
mg Cl/L
|
Até 250
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FLUOR
|
mg F/L
|
Até 1,5
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MANGANES
|
mg Mn/l
|
Até 0,1
|
GÁS CARBONICO
|
mg CO2/L
|
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CLORO RESIDUAL LIVRE
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mg l/L
|
Até 2,5
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SÍLICA
|
mg SiO2/L
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CONDUTIVIDADE
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μS/cm a 25°C
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SULFATO
|
mg SO4/L
|
Até 250
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Parâmetros para Ensaios Microbiológicos
BACTÉRIA
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Unidades
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VMP
(Valores máximos permitidos)
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Bactérias do grupo coliforme
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UFC / 100 ml
|
Ausência
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Bactérias do grupo coliforme – fecal
|
UFC / 100 ml
|
Ausência
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Bactérias Heterotróficas
|
UFC / ml
|
500
|
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Fig 13 - Modelo Analise Físico Química e Bacteriológica da ÁGUA– NTA 60 / Para poços cuja água seja potável exige-se o cumprimento da Portaria 518/04 do Ministério da Saúde.
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA O BOMBEAMENTO DO POÇO.
Após a conclusão do Poço e dispondo de todas as informações construtivas e também das características físico – química e bacteriológica e interpretada sua condição de exploração ideal, o mesmo poderá ter definido o equipamento adequado para sua exploração:
- Eletro bomba submersível usualmente dotada de motores trifásico de 220/380/440 volts,
- Quadro Elétrico de Comando e Proteção
- Cabo Elétrico: condutor elétrico que interliga a bomba no interior do poço ao quadro.
- Tubulação Edutora: Geralmente de aço galvanizado, PVC ou até mesmo de mangueiras flexíveis, conectando a bomba até o cavalete na superfície, por onde sai à água bombeada;
- Cavalete. Montado na superfície e conectada à rede adutora. Normalmente em material de aço galvanizado: tubo; união, curva; registro gaveta; ventosa; saída lateral e válvula de retenção.
- Tubulação para medição do nível d’água. “Quando da instalação da bomba no poço deve ser aplicado concomitantemente um tubulação de pelo menos ½” até as proximidades da bomba, para possibilitar a medição dos níveis d’agua no poço.